Representação visual para artigo sobre ABA (Análise do Comportamento Aplicada)

O que é ABA? A Análise do Comportamento Aplicada.

ABA e o Behaviorismo de Skinner: A Ciência da Mudança Comportamental

Como a Análise do Comportamento Aplicada se tornou uma aliada no desenvolvimento de crianças autistas.

Durante as décadas de 1930 a 1950, o psicólogo B.F. Skinner deu início ao desenvolvimento da Análise Experimental do Comportamento, com o objetivo de demonstrar como os reforços moldam o comportamento. A partir desses fundamentos, surgiram modelos práticos para modificar comportamentos com base em evidências observáveis.

Na década de 1960, o Dr. Ivar Lovaas começou a aplicar os princípios da ABA (Applied Behavior Analysis, ou Análise do Comportamento Aplicada) com crianças autistas. Seus estudos demonstraram avanços significativos em áreas como QI e linguagem, especialmente quando as intervenções eram intensivas. Em 1987, Lovaas apresentou dados mostrando que 47% das crianças que receberam ABA intensiva (cerca de 40 horas semanais) atingiram um desenvolvimento compatível com o típico.

Anos depois, o pesquisador Eldevik reforçou a eficácia da ABA ao demonstrar a redução de comportamentos desafiadores em crianças autistas após a aplicação sistemática da intervenção. Somente no início dos anos 2000, a ABA foi oficialmente reconhecida como padrão-ouro para o tratamento do autismo nos Estados Unidos.

Princípios Fundamentais da ABA

A ABA busca modificar comportamentos socialmente significativos, utilizando técnicas baseadas em evidências científicas. Seus pilares incluem:

1. Comportamento é aprendido

Comportamentos — tanto adequados quanto inadequados — são moldados pelas experiências e interações com o ambiente.

  • Exemplo clássico: Um rato aprende que ao apertar o botão verde recebe comida, e ao apertar o vermelho recebe um choque. Ele passa a evitar o botão vermelho e preferir o verde, guiado pelos estímulos e consequências.
2. Foco em comportamentos observáveis e mensuráveis

A ABA não trabalha com interpretações subjetivas (como “a criança está agressiva porque está frustrada”), mas com observações concretas e mensuráveis (como “a criança grita quando a tarefa é difícil”).

3. Personalização

Cada intervenção deve ser ajustada às necessidades individuais, respeitando o perfil e o contexto da pessoa atendida.

Como o ABA Funciona na Prática?

A ABA explica o comportamento a partir de três elementos principais:

  • Antecedente: o que acontece antes do comportamento;
  • Comportamento: a ação observável;
  • Consequência: o que acontece depois, influenciando se o comportamento se repetirá ou não.

Técnicas comuns na ABA:

  • Reforço positivo: oferecer recompensas para aumentar a frequência de um comportamento desejado.
  • Modelagem: reforçar etapas intermediárias até alcançar o comportamento final desejado.
  • Extinção: retirar reforços de comportamentos inadequados, reduzindo sua ocorrência.
  • Punição: aplicar uma consequência que reduza a probabilidade de o comportamento voltar a ocorrer (não necessariamente um castigo, mas uma consequência planejada com base em dados).

Onde a ABA Pode Ser Aplicada?

A ABA pode ser utilizada em diversos contextos, como:

  • Clínicas de terapia – sessões individuais ou em grupo.
  • Escolas – adaptação curricular e suporte educacional.
  • Ambiente domiciliar – orientação aos pais para aplicar técnicas no cotidiano.
  • Comunidade – desenvolvimento de habilidades sociais em ambientes reais como mercados, shoppings e parques.

Resultados esperados:

Mudanças em comportamentos simples, como seguir instruções básicas, podem ser percebidas em 3 a 6 meses. Já avanços em linguagem, independência e interação social costumam ocorrer de forma mais ampla e significativa em um período de 1 a 2 anos, especialmente quando a intervenção é precoce, intensiva e com o envolvimento ativo da família.

Referências

  1. HOWARD, J. S. et al. A comparison of intensive behavior analytic and eclectic treatments for young children with autism. Research in Developmental Disabilities, v. 26, n. 4, p. 359-383, 2005.
  2. LOVAAS, O. I. Behavioral treatment and normal educational and intellectual functioning in young autistic children. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v. 55, n. 1, p. 3-9, 1987.
  3. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Educating children with autism. Washington, DC: National Academy Press, 2001.
  4. SMITH, T. et al. Intensive behavioral treatment for preschoolers with severe mental retardation and pervasive developmental disorder. American Journal on Mental Retardation, v. 105, n. 4, p. 269-285, 2000.
  5. SKINNER, B. F. The behavior of organisms: An experimental analysis. New York: Appleton-Century, 1938.

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